Mônica Nunes / Conexão Planeta
A plataforma de streaming Spotify anunciou no último domingo, 30/1, que vai adotar medidas de combate à desinformação sobre covid-19. E não há muito para celebrar, por enquanto.
Este anúncio chega quase dois anos depois do início da pandemia – demorou, não? – e após polêmica com o músico de folk-rock Neil Young, que expôs um lado não muito simpático da plataforma e culminou com sua saída.
No final da semana passada, Young criticou a empresa por hospedar o podcast do ator e comediante Joe Rogan,
conhecido negacionista e antivacina que dissemina mentiras sobre a pandemia, não só sobre vacinas. Em suas falas, ele costuma ser preconceituoso, racista e transfóbico também.
Rogan havia publicado gravação desaconselhando a vacinação dos mais jovens e ainda promovendo o uso da ivermectina, medicamento antiparasitário não indicado para tratar o coronavírus.
A gota d’água veio após ação judicial movida por centenas de médicos contra o Spotify para impedir que Rogan parasse de divulgar “várias falsidades sobre vacinas contra a covid-19”. De acordo com os profissionais de saúde, sua atuação negacionista estaria criando “um problema sociológico de proporções devastadoras”.
O músico, então, recusou-se a dividir o mesmo espaço com o negacionista e, numa primeira carta publicada em seu site e endereçada à sua gravadora Warner Records e à administração do Spotify, exigiu que suas músicas fossem removidas, destacando que a empresa poderia ter “Rogan or Young. Não os dois”.
O Spotify anunciou, então, que removeria as músicas de Young, numa clara escolha pelo negacionista, que tem o podcast mais assistido da plataforma.
Em nova carta, o músico agradeceu o apoio da Warner a declarou: “O Spotify representa 60% do streaming da minha música para ouvintes em todo o mundo, quase todos os discos que lancei estão disponíveis — o trabalho da minha vida inteira — uma grande perda para minha gravadora absorver”.
E continuou: “Ainda assim, meus amigos da Warner Brothers Reprise me apoiaram, reconhecendo a ameaça que a desinformação do Covid no Spotify representava para o mundo — principalmente para nossos jovens que pensam que tudo o que ouvem no Spotify é verdade. Infelizmente, não é”.
Não demorou muito para que o boicote de Young reverberasse entre músicos.
A cantora Joni Mitchell foi a primeira a se solidarizar com o amigo e também solicitou a retirada de suas músicas da plataforma. Em seguida, o roqueiro Nils Lofgren aderiu ao boicote.
O casal Harry e Meghan Markle se manifestou sobre o caso, declarando-se preocupado com a vinculação da plataforma de streaming com informações falsas sobre covid-19.
Na verdade, de acordo com seu porta-voz, essa preocupação não é de hoje: em abril de 2021, eles entraram em contato com a empresa sueca para declarar que estavam insatisfeitos com a disseminação de informações falsas pela plataforma, onde têm um podcast com contrato de U$ 25 milhões.
Agora, eles disseram que vão fazer campanha junto aos diretores: “Continuamos expressando nossas preocupações com o Spotify para garantir que mudanças em sua plataforma sejam feitas para ajudar a lidar com essa crise de saúde”.
Logo após a declaração de Neil Young que resultou em sua saída e na saída de outros artistas do Spotify, em apenas três dias, a empresa perdeu cerca de US$ 2,1 bilhões – o equivalente a R$ 11,3 bilhões – em valor de mercado.
Suas ações caíram 6% entre 26 a 28 de janeiro, de acordo com a revista Variety. No mesmo período, a Nasdaq – bolsa americana que reúne empresas de alta tecnologia – subiu 1,7%. Até 27/1, as ações da Spotify fecharam na mínima de 19 meses, de US$ 171,32 por ação.
De acordo com a Variety, os investidores temiam que a saída de Young detonasse uma “bola de neve” incontrolável nos próximos dias e resultasse em uma quantidade significativa de cancelamentos de clientes.
De acordo com Daniel Ek, presidente e um dos fundadores do Spotify, entre as medidas pela empresa para ajudar a combater a desinformação sobre a pandemia, está a inclusão – em todos os podcasts que falarem sobre a covid – de links que direcionam os usuários para informações embasadas na ciência, atualizadas e verificadas.
“É importante, para mim, não assumir uma posição de censor, ao mesmo tempo que garanto que haja regras e consequências para quem as viola. Temos tido regras há muito, mas admito que não temos sido transparentes acerca das nossas políticas de conteúdos”. E acrescentou:
“Estamos trabalhando para adicionar um alerta de conteúdo para qualquer episódio de podcast que inclua discussão sobre a covid-19. Este alerta direcionará os ouvintes para o nosso hub dedicado à covid-19, um recurso que dá acesso fácil a fatos orientados por dados, informação atualizada e compartilhada por cientistas, médicos, acadêmicos e autoridades de saúde pública ao redor do mundo, assim como links para fontes confiáveis”.
De acordo com a empresa, o recurso estará disponível nos próximos dias.
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