Cientistas no Japão, pela primeira vez, trataram uma córnea danificada usando células-tronco pluripotentes induzidas. Segundo o cirurgião, a visão da pessoa melhorou desde o procedimento.
Os cientistas criaram células-tronco pluripotentes induzidas (iPS) reprogramando células adultas.
Esse processo converte as células em células semelhantes a embriões, o que significa que elas podem se desenvolver em qualquer outro tipo de célula humana, incluindo células nervosas, pancreáticas, hepáticas e corneais.
Embora as células iPS tenham um grande potencial para tratar uma variedade de condições, elas demoram a passar do laboratório para a clínica.
Ao realizar um novo procedimento inovador, o oftalmologista Kohji Nishida, da Universidade de Osaka, no Japão, deu o próximo passo.
Reparo da córnea
A córnea é a seção frontal transparente do olho, que cobre a íris e a pupila. As células-tronco da córnea garantem que ela seja atualizada e reparada quando necessário, mantendo-a limpa para que a luz possa entrar.
No entanto, se essas células-tronco sofrerem danos devido a doenças ou lesões, a manutenção da córnea não será mais possível e isso poderá levar à cegueira da córnea.
Indivíduos com córneas danificadas devem aguardar a disponibilidade de tecido doador e, como em qualquer transplante de órgão, esse pode ser um processo demorado.
A pessoa submetida à cirurgia recente tem uma condição genética que afeta as células-tronco da córnea. Sua visão estava embaçada, e ela acabaria perdendo a visão.
Os pesquisadores implantaram finas folhas de células iPS no olho da paciente, esperando que elas se enraizassem e preenchessem as lacunas que as células-tronco da córnea que faltavam haviam deixado.
A importância das células iPS
O Japão é o líder na tecnologia iPS. Em 2006, Shinya Yamanaka apresentou sua pesquisa sobre essas células experimentais.
Embora as células-tronco tenham causado excitação nos círculos médicos, as células iPS parecem prometer mais. Os cientistas não conseguiram desmembrar as células-tronco das preocupações éticas do uso de tecido fetal, mas derivam células iPS de células da pele adultas, evitando completamente esse problema.
Além disso, como os cientistas obtêm células iPS do próprio tecido do paciente, não deve haver problema com a rejeição do transplante. Prevenir a rejeição de células-tronco embrionárias provou ser um desafio significativo.
Em 2012, Yamanaka compartilhou o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina por sua parte na descoberta e avanço das células iPS.
No Japão, os pesquisadores já testaram células iPS contra uma série de condições em ensaios clínicos, incluindo lesões na medula espinhal e doença de Parkinson. Em outubro de 2018, um neurocirurgião implantou 2,4 milhões de células no cérebro de um paciente com doença de Parkinson.
Mais procedimentos por vir
Após uma pesquisa bem sucedida em um modelo animal, o ministério da saúde japonês deu a Nishida permissão para realizar o procedimento de reparo da córnea em quatro pessoas.
Até agora, o primeiro tratamento parece ser um sucesso. Segundo Nishida, a córnea da pessoa ainda é clara e sua visão melhorou no mês desde a operação.
Nishida planeja realizar o segundo procedimento ainda este ano, e ele espera que a cirurgia esteja disponível para mais pessoas dentro de 5 anos.
Os autores de uma recente pesquisa global de transplante de córnea concluíram que existe “apenas uma córnea disponível para 70 necessárias”. Felizmente, essa tecnologia inovadora irá, eventualmente, ajudar a preencher essa lacuna.
Fontes: Nature International Journal of Science / Bioethics.com