Fonte: Jornal da USP
Um estudo clínico realizado pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, no interior do estado, revelou que a colchicina, medicamento utilizado para o tratamento de gota (doença causada pelo aumento de ácido úrico no sangue), pode acelerar a recuperação de pacientes com Covid-19 ao combater a infecção pulmonar causada pelo novo coronavírus.
Os resultados do estudo foram apresentados em agosto na plataforma MedxRiv, que disponibiliza artigos ainda não revisado por outros cientistas.
Em declaração à agência, Renê Oliveira, médico coordenador do estudo no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), disse que os voluntários que receberam o medicamento ficaram livres da suplementação de oxigênio, em média, três dias antes do que os pacientes que receberam apenas o protocolo terapêutico padrão em hospitais. “Além disso, puderam voltar para casa mais cedo”, relatou.
De acordo com a agência, os pesquisadores concluíram que o uso do medicamento apresentou bons resultados em três frentes: diminuiu o tempo em que era necessário apoio respiratório, reduziu o período geral de internação e baixou as taxas de proteína C- reativa no sangue — a molécula é considerada o principal marcador de inflamação sistêmica.
O efeito adverso mais comum detectado foi a diarreia. Não houve relato de problemas cardíacos.
Também ouvido na publicação, o coautor do artigo e professor da FMRP-USP, Paulo Louzada Junior, citou como outros benefícios do fármaco o fato de que, com menor tempo de recuperação dos infectados, isso acaba resultando ainda em economia de gastos para a rede pública de saúde, ao passo que possibilita a assistência médica a uma quantidade maior de pessoas em um mesmo período.
Ele pontua que cada dia de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) pode custar entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por paciente, sendo a suplementação com oxigênio, mesmo realizada fora da UTI, também uma terapia cara. “A colchicina, por outro lado, é um medicamento barato e com potencial de uso em larga escala. O tratamento completo custou cerca de R$ 30 por paciente”, afirma.
Mais um ponto positivo em relação à colchicina é que seus eventos adversos são de amplo conhecimento entre os médicos, entre os quais, o principal, a diarreia. Mesmo analisado como seguro, o remédio, no que tange à utilização para o novo coronavírus, teve sua aplicação na pesquisa apenas em pacientes internados, com algum quadro de comprometimento pulmonar, e só nessas ocasiões os benefícios foram observados.
Os especialistas, dessa maneira, não aconselham seu uso indiscriminado, seja para prevenção ou para tratar sintomas leves da
A droga não deve ser usada fora do ambiente hospitalar e sem orientação médica.
Crédito da imagem: Arte: Moisés Dorado/Jornal da USP