Via Jornal da USP
O Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), se preparam para produzir em grande escala o ventilador pulmonar Inspire, que foi desenvolvido por pesquisadores da escola Politécnica.
Esse aparelho pode ser totalmente montado usando apenas tecnologia nacional, levando em média o tempo de duas horas apenas para ser produzido; essas vantagens implicam num custo mais baixo que os outros aparelhos disponíveis no mercado.
Paulo Henrique da Rocha, capitão-de-mar-e-guerra e diretor do Centro de Coordenação de Estudos da Marinha em São Paulo, apresentou a estrutura de produção que já está montada. Nos próximos dias terão início os testes de produção para o primeiro lote. A previsão é que em duas semanas os primeiros aparelhos possam ser distribuídos.
Espera-se que entre 25 a 50 unidades possam ser produzidas por dia, com estimativas de ampliar essa capacidade, caso haja necessidade.
Ter a oportunidade de participar desse projeto é motivo de orgulho para todos nós porque a missão da Marinha é proteger os brasileiros e esta é uma forma de proteger os brasileiros. Exatamente hoje, dia 8 de maio, a USP e a Marinha completam 64 anos de uma longa e produtiva parceria. Essa data é ainda mais especial nesse momento crítico que estamos vivendo, diante da grave ameaça à população mundial”, afirmou o vice-almirante Noriaki Wada, diretor do CTMSP.
A diretora da Poli, Liedi Legi Bariani Bernucci, aproveitou a ocasião para agradecer o apoio logístico que a Marinha tem prestado, especialmente na distribuição de 3 mil face shields — protetores faciais utilizados como equipamentos de proteção individual (EPI) – produzidos pela Escola e entregues gratuitamente a hospitais públicos.
Inspire
A ideia de desenvolver um ventilador pulmonar de baixo custo, livre de patente, de rápida produção e com insumos nacionais surgiu ainda em março. O Projeto do Ventilador Pulmonar Inspire foi criado com o objetivo de oferecer uma alternativa para suprir uma possível demanda emergencial do aparelho causada pela pandemia da covid-19.
Desde então, uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Poli, coordenada pelos professores Marcelo Knörich Zuffo e Raúl Gonzalez Lima, tem trabalhado para viabilizar o Inspire.
Em abril, o projeto foi aprovado nas etapas finais de testes, realizados com quatro pacientes do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. O respirador foi considerado aprovado em todos os modos de uso e não houve nenhum problema com os pacientes ventilados.
O projeto também tem a participação de pesquisadores de diversas unidades da USP e outras instituições, e conta com doações de parceiros da iniciativa privada. O aparelho foi registrado com uma licença open source, que permite a qualquer pessoa ou empresa acessar o protocolo de manufatura e fabricá-lo, bastando, para tanto, obter uma autorização da Anvisa.