Em um discurso solene, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou que estava se preparando para a perda prematura de parentes próximos, confirmando sua intenção de não fazer nada para retardar a infecção.
Ainda que 10.000 pessoas, ele confirma, já possam estar infectadas, o único conselho, que nem parece imposição, é ficar em casa uma semana se você tiver sintomas típicos (tosse persistente, febre), entre outras coisas, por um período muito menor do que o recomendado pelos especialistas, que indicam em 14 dias período de incubação e observar 2-3 semanas de evolução da doença.
“Isso se espalhará mais e devo advertir o público britânico: muitas famílias perderão seus entes queridos prematuramente”, disse Johnson ao The Times.
Em um sinal de crescente nervosismo em Westminster por Johnson não estar à frente do surto, Jeremy Hunt, ex-secretário de saúde, pediu uma ação mais agressiva, incluindo o fechamento de casas de repouso para idosos e visitantes externos.
Ele disse que países como Tailândia e Taiwan controlaram o surto adotando tal ação. “As pessoas ficarão preocupadas com o fato de não avançarmos mais cedo no distanciamento social”, disse Hunt ao Channel 4 News.
Os idosos podem sucumbir, mas no Reino Unido isso parece ser um sacrifício aceitável em nome do ativo coletivo (econômico). O vírus, deixado livre para agir, pode infectar cerca de 60% da população inglesa e isso, de acordo com o Premier, servirá para garantir ao país imunidade de rebanho para futuras possíveis ondas infecciosas.
Mas a ciência não concorda: não temos uma vacina e não sabemos se esse patógeno, que apareceu na Terra pela primeira vez em novembro, é capaz de imunizar permanentemente aqueles que a contraem e depois curam. Portanto, essa dedução, além da natureza glacial em termos de respeito à vida humana, também parece incorreta e muito perigosa.
No Reino Unido, no entanto, o discurso não foi aceito como desrespeitoso: os jornais locais definem a intervenção solene e autoritária de Johnson ou, no mínimo, sombria e severa, e por enquanto não há protestos da população.
Filosofias diferentes: na Itália, escolheram lutar por todos, com receio de não poder fazê-lo por causa da sobrecarga do Sistema Nacional de Saúde, que tem um número limitado de leitos e menos ainda em terapia intensiva, mas estão realmente fazendo todo o possível para solucionar esse problema.
Portanto, a recomendação, independentemente dos decretos, é sempre a mesma: fique em casa.
Fontes: GreenMe / The Times / Financial Times
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