De 2004 a 2014, o número de jovens de 15 a 24 anos com HIV teve um aumento de 41%. Em 2004, a taxa de detecção entre jovens era de 9,5 casos a cada 100 mil habitantes, o que equivale a cerca de 3,4 mil casos. Já em 2014, esse número foi de 4,6 mil casos, representando um taxa de detecção de 13,4 casos por 100 mil habitantes.
“Este é um fenômeno geracional que tem nos preocupado. Vários podem ser os fatores que levam a esse crescimento. Trata-se de uma geração muito mais liberal do que a anterior, em relação às questões sexuais. Além disso, é uma geração que não viveu o auge da epidemia de aids nos anos 80, quando muitos ídolos da juventude morreram de forma dramática”, avaliou o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita, em solenidade em Brasília por ocasião do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro.
“Primeiro que, hoje em dia, e ainda bem que seja assim, o HIV Aids não é considerado mais uma sentença de morte. E é realmente uma doença crônica tratável, mas não se pode banalizar essa informação e simplesmente ter um raciocínio muito simplista de que ‘ah, se eu pegar infecção pelo HIV, eu vou lá e me trato, e tá tudo bem’, como muitos jovens fazem. E um segundo ponto tem relação com uma característica da juventude chamada de onipotência. O jovem se julga acima de qualquer risco. Andar em alta velocidade com automóveis, ingestão de álcool e outras drogas. E isso também tem a ver com sexo. Ele acha que nunca vai acontecer com ele”, ressalta o infectologista.
A epidemia no Brasil está estabilizada, com taxa de detecção em torno de 19,7 casos, a cada 100 mil habitantes. Isso representa cerca de 40 mil casos novos ao ano. Desde o início da epidemia de Aids no Brasil – em 1980 –, até junho de 2015, foram registrados no país 798.366 casos.
A taxa de detecção de caiu 5,5% em um ano, de 20,8 casos por 100 mil habitantes em 2013 para 19,7 casos por 100 mil habitantes, em 2014. A redução é a maior nos últimos 12 anos de epidemia. Os dados são do novo Boletim Epidemiológico de HIV e Aids de 2015, divulgado pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro. Na ocasião, também foi lançada a campanha de prevenção ao HIV e aids deste ano. Segundo o boletim, nos últimos 12 anos, a taxa de detecção de aids caiu 9%. De 21,6 casos por 100 mil habitantes, em 2003, para 19,7 por 100 mil habitantes em 2014. A epidemia no Brasil tem se concentrado, principalmente, entre populações vulneráveis e os mais jovens.
O incentivo ao diagnóstico e ao início precoce do tratamento, antes mesmo do surgimento dos primeiros sintomas da doença, refletiram na redução da mortalidade e a morbidade do HIV no Brasil. Desde 2003, houve uma queda de 10,9% na mortalidade dos pacientes com aids no país. A taxa caiu de 6,4 óbitos por 100 mil habitantes em 2003 para 5,7 óbitos por 100 mil habitantes em 2014. Em 2014, foram registradas 12.449 mortes.
Outra novidade é a disponibilização, pela primeira vez, de um banco de dados com informações básicas de aids dos 5.570 municípios do Brasil. Na página www.aids.gov.br/indicadores, os gestores poderão ter acesso a dados de população; nascimentos; casos de aids; óbitos por aids e indicadores de detecção de casos de aids; de razão de sexo; de gestantes infectadas pelo HIV e coeficientes de mortalidade por aids. Assim, os gestores municipais terão informações para formulação, gestão e avaliação de políticas e ações públicas para a resposta à epidemia pelo SUS.
Prevenção e proteção
Embora ressalte que os remédios são revolucionários e que é preciso quebrar preconceitos, Barbosa diz que a prevenção é crucial, pois um teste positivo para o HIV vai significar ações especiais para o resto da vida. “É uma condição de saúde que demanda cuidados. E cuidados que, como eu disse, a curto e médio prazo vão ser para a vida toda. O indivíduo vai ter que tomar medicações todos os dias, vai ter que fazer exames de sangue pelo menos duas vezes ao ano. Tudo isso podia ser evitado se houvesse medidas de prevenção muito simples, como o uso do preservativo”, aponta.
Barbosa defende o amplo diálogo com os jovens porque, mesmo numa situação em que não se use preservativo, é possível adotar procedimentos para se proteger do vírus.
“Hoje em dia você pode optar, por exemplo, por fazer a profilaxia pré-exposição. Se você não tem HIV e costuma ter relação sexual sem preservativo, você adota essa profilaxia, que é um comprimido por dia. Ou então outra modalidade é a profilaxia pós-exposição. Se eu uso bem o preservativo, mas eventualmente em um momento eu acabei não usando em uma relação sexual, eu tenho até 72 horas para procurar um serviço de saúde. Lá eu vou receber o mesmo esquema que a gente usa nos pacientes: dois comprimidos por dia por 28 dias em até 72 horas após a exposição”, finaliza.
Informações G1