Fonte: Jornal da USP
A heparina é um anticoagulante de uso injetável, que previne a formação de trombos, sendo indicada para o tratamento e prevenção do tromboembolismo venoso e na angina de pré-infarto
A sua administração deve ser realizada por um enfermeiro ou médico, através de uma injeção na pele ou na veia, sendo de uso exclusivamente hospitalar.
Para tratar pessoas com casos grave do novo coronavírus, pesquisadores brasileiros submeteram pacientes a testes com o anticoagulante heparina. Os testes foram feitos no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
A heparina reverteu obstruções nos vasos sanguíneos do órgão, melhorando a respiração e fazendo o oxigênio chegar ao sangue. Com a melhora, os pacientes puderam deixar de usar ventilação mecânica e sair da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.
A ideia do tratamento surgiu em março, a partir do acompanhamento da primeira paciente com covid-19 internada na UTI do Sírio-Libanês, que apresentava cianose de extremidades (pontas dos dedos azuladas) e uma queda abrupta da oxigenação do sangue.
A médica pneumologista Elnara Negri eclareceu que “Embora o pulmão estivesse insuflando o ar normalmente, o oxigênio não estava entrando na corrente sanguínea”.
E conclui:
“Como a paciente já apresentava sinais de trombose na pele, foi indicado um anticoagulante e em oito horas acontece uma melhora da oxigenação, fazendo com que os dedos voltassem a ter sua coloração normal. Essa paciente teve alta e já retornou para casa”
De acordo com a médica, o tratamento com heparina tem custo acessível e já é utilizado no Sistema Único de Saúde (SUS), o que poderá torná-lo disponível para um grande número de pessoas. “Ele é contraindicado para pacientes com grande risco de sangramento, como os que apresentam algumas lesões tumorais, que tiveram acidente vascular cerebral (AVC) recentemente ou foram operados há pouco tempo”, observa.
Os resultados preliminares do tratamento foram divulgados na forma de preprint, para informar e orientar outros médicos e estudiosos no Brasil e no exterior. O trabalho conta com a colaboração dos médicos das áreas de pneumologia, hematologia e terapia intensiva do Sírio-Libanês, pesquisadores do Laboratório de Biologia Celular (LIM-59) e do departamento de Hematologia e Hemoterapia da FMUSP, do Instituto do Coração do HC e do AC Camargo Cancer Center.
Mais informações no Jornal da USP Créditos da imagem de capa: Fotomontagem: Cleber Siquette/Jornal da USP