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AirTags: dispositivos fashion prometem rastrear objetos perdidos. Vale a pena?

Avanços tecnológicos nos últimos anos permitiram que diversas tecnologias se tornassem pequenas – verdadeiramente minúsculas – e com isso, capazes de oferecer novos usos e possibilidades. Esse é o caso dos processadores de computador, baterias e sensores capazes de usar o sinal de GPS, e já faz tempo que filmes de ação, espionagem, e até dramas de relacionamento, nos instigam com a ideia de pequenos aparelhos rastreadores que podem mostrar a localização de um objeto ou animal a qualquer momento – mas será que isso existe mesmo?

            Entre 2021 e 2022, a resposta finalmente se tornou “sim”, mas com alguns asteriscos. Embora esse tipo de dispositivo já exista no mercado há algum tempo, é inegável que o lançamento dos AirTags, pela Apple, transformou as expectativas sobre esse tipo de aparelho: com preço mais acessível, tamanho equivalente a um chaveiro, fácil uso e integração com o iPhone e diversas técnicas para rastreamento, os aparelhinhos se tornaram extremamente populares rapidamente, e concorrentes como a Samsung e Google já trabalham em suas alternativas semelhantes, como os Galaxy SmartTags. Mas será que vale a pena? Esses aparelhos entregam tudo o que prometem? Confira.

Para que usar AirTags?

            A promessa dessa categoria de aparelho é acabar com o problema cotidiano de perder um molho de chaves, uma mochila, ou outros pertences importantes como computadores e pastas. De forma geral, soluções como os AirTags não pretendem servir como rastreadores de veículos, pessoas ou animais de estimação, embora usuários frequentemente tentem utilizar a ferramenta para essas funções. Na verdade, é possível encarar os AirTags e semelhantes tanto como dispositivos para a vida cotidiana quanto parte de um kit de sobrevivência digital como diz a ExpressVPN, podendo ser utilizados para garantir a segurança em situações de emergência ou evitar a perda de objetos cruciais.

            A grande diferença entre os aparelhos grandes, caros e com baixa bateria que encontramos em filmes ou no mercado, geralmente vendidos para rastreamento de pets e carros, é o conjunto de sensores e tecnologias que esses aparelhinhos possuem (e as que não possuem): não há GPS para localização, chip de operadora para conexão às redes 3G/4G e 5G, e sequer Wi-Fi – então como os AirTags funcionam? Através do uso de três sistemas inteligentes:

  • Rede de aparelhos iOS: grande trunfo dos AirTags e seu principal mecanismo de funcionamento, os rastreadores da Apple usam o fato de que muitas pessoas carregam iPhones e iPads consigo, e através de um sinal Bluetooth, comunicam-se com aparelhos da Apple próximos ao rastreador e enviam, utilizando o smartphone, sua localização. Isso significa que ao esquecer uma mochila com AirTags em um restaurante, por exemplo, o aparelho encontra outros usuários de iPhone por perto e, utilizando a rede da Apple, enviam para o proprietário a localização da mochila. Isso acontece de forma automática, e os dados são apenas acessíveis para o dono dos AirTags.
  • Chip U1: outra novidade tecnológica impressionante dos AirTags é o chip U1 que atua conjuntamente com iPhones de última geração para indicar a posição precisa e ângulo dos AirTags em relação ao iPhone. Assim, ao invés de apenas saber “suas chaves estão dentro de casa” os AirTags conseguem perceber sua posição em relação ao iPhone do usuário, e em conjunto com a câmera, guiam o usuário até a posição exata (com precisão de cerca de 10 centímetros) do objeto.
  • NFC: popularizada pelos pagamentos via aproximação com cartões de crédito, a tecnologia NFC é usada pelos AirTags para permitir sua conexão e configuração com o iPhone do proprietário e, depois, para que outros usuários possam identificar a quem pertence o objeto perdido quando o encontram.

            Abdicando-se do GPS e utilizando os smartphones de quem anda ao seu redor para rastreamento, aparelhos como os AirTags e os Galaxy SmartTags conseguem entregar um tamanho e peso extremamente reduzidos, com bateria de alta duração. Os aparelhos da Apple, por exemplo, são energizados por uma simples bateria de relógio padrão, facilmente substituível, com alta duração.

Vale a pena comprar um rastreador?

            Considerados aparelhos de primeira geração no mercado, os AirTags e seus equivalentes já foram bem recebidos pelos usuários e uma série de notícias servem como exemplo de suas aplicações, mostrando mochilas perdidas ou furtadas sendo recuperadas pelos donos através do uso dos aparelhos. No entanto, a falta de tecnologias como GPS e a dependência na presença de outros aparelhos por perto significam que em algumas circunstâncias seu uso é limitado – por exemplo, é possível que AirTags presos na coleira de um gato possam ajudar a encontrar o animal nos primeiros 15 minutos depois de ter escapado, mas ao subir durante a noite em uma árvore, a distância entre a coleira e qualquer outro iPhone impede o rastreamento.

            Outras preocupações envolvem a privacidade, e as medidas tomadas pelas fabricantes para evitar stalking e perseguições indesejadas. Os AirTags podem se desligar automaticamente se passam muito tempo longe de seus donos originais, o que impede seu uso para rastrear um ex-parceiro romântico, por exemplo, mas ao mesmo tempo, significa que podem parar de funcionar durante uma busca legítima por um objeto perdido.           

No presente momento, portanto, aparelhos rastreadores se mostram ideais para ajudar quem sempre perde objetos corriqueiros como chaves, estojos, bolsas e mochilas, mas ainda não estão prontos para tarefas mais complicadas. Com valor médio de R$ 350 por unidade, a decisão de compra dependerá do quanto o consumidor confia nos ecossistemas de plataformas como Apple e Samsung, e também do quanto sofrem com a perda de objetos no cotidiano. Novas gerações de aparelhos devem, ao longo do tempo, aprimorar ainda mais essa nova classe de dispositivos inteligentes

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